segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

muse fortuite I

Ele me apareceu por primeira vez na madrugada de um dia qualquer, no meio de uma conversa na cozinha da casa dos meus pais. Tomávamos chá de maçã com canela, eu e una niña de mi pasado, e entre uma história e outra, seu nome surgiu. Depois disso sua existência se fez notável para mim na primeira vez que fugi dessa mesma casa. Aproveitando-me de sua ausência, fiz minha sua cama. Pude sentir toda sua energia cigana ao revirar-me no meio da noite, sem poder dormir, como se seus lençóis precisassem contar-me uma história ou duas.
Foi somente na terceira tentativa do acaso que, de fato, nossas vidas se cruzaram. A fuga dessa vez foi anunciada, mas não menos litigiosa. Lembro-me que eu lia Cortázar e almejava saber o que seria dos desencontros entre Oliveira e a Maga, e entre eu e meu chamo. Estava tão absorta que me tirou completamente o equilíbrio quando ele sentou-se ao meu lado. Sua chegada foi uma onda de encanto azul que não me deixou opção alguma que não render-me à doce violência de seu rebentar na costa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário