terça-feira, 10 de janeiro de 2012

do dia no qual minha aula foi cancelada por motivos obscuros.

Um dia acordei sem vontade de ter aula de direção. É que dirigir nunca esteve no meu hall de Coisas Que Me Encantariam Aprender. Na verdade, esteve mais no de Coisas Que Nunca Faria Caso Tivesse Plata Para Tal. Porém, não tenho plata para tal e aos 20 anos fui obrigada a tomar aulas de direção.
No dia supracitado quis com muito ardor não ter aula. Tentei não desejar o mal à instrutora. Tentei e tentei e não consegui, foi mais forte que eu. E a pobre da instrutora, ai ai ai... teve uma indigestão das brabas, daquelas que te fazem desejar a morte à um sofrimento intenso assim. Isso foi ela que me contou na aula seguinte.
Quando ela entrou de férias, me coube ter aulas com um negão carioca que me fazia escutar os sambas do Carnaval 2012 da Sapucaí e tinha em seu retrovisor patuás de tudo que era religião, brasileiras e estrangeiras.
- São presentes de ex-alunos. Quem sou eu pra não acreditar na força de cada um destes elementos? Deixo tudo aí.
E aí veio novamente aquela vontade de não ter aula; chovia e dirigir na chuva, sabe como é, né? Né? Né. Não queria, não queria, não queria. Sentei no pilotis do bloco, agradecendo aos céus por cada carro que não era um Pálio, não era vermelho e não tinha AUTO-ESCOLA escrito em negro sobre um fundo amarelo. Ainda lutava contra meu impulso de desejar o mal ao próximo, mas às vezes esse moléstia se faz demasiadamente intensa em mim.
Vinte minutos de atraso e subi triunfante de volta à casa. Já com o telefone na mão, pronta para ligar para a tal auto-escola e remarcar minha aula, ouvi a buzina do temeroso carro. Pálio, vermelho, AUTO-ESCOLA.
Peguei minha bolsa, meu casaco, pus de volta os sapatos de dirigir. Coloquei a chave na porta e girei, desolada. E ela parou, ficou presa. Presa a chave na porta, presa eu ao apartamento. Girei para todas as direções possíveis e nada dela se mexer. Nessa hora o senhor já havia interfonado, avisado de sua presença à minha espera. À minha espera, à minha espera... estava eu à tua espera durante os últimos vinte minutos!
Toda a situação me pareceu um tanto quanto engraçada. Ele falando no celular - como sempre - debaixo do meu bloco. Eu não conseguindo pensar em nenhuma outra solução que não chamar o Super-Homem para me resgatar - que seja subentendido que o tal Super-Homem é meu pai. A chuva caindo cada vez mais forte.
Pensei que o universo é engraçado, que ele encontra maneiras muito únicas de nos ensinar lições. Pensei que a energia do querer é muito mais forte do que nos apetece acreditar. Pensei que só é realmente forte quem sabe trabalhar essa energia a seu favor - às vezes carregando consigo quantos patuás couberem em sua bolsa ou retrovisor.

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