segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

jogando tudo fora II

Ele sentou-se na cama de onde eu não desejava sair durante todo o fim de semana. Perguntou-me com ensaiado interesse sobre o meu sentir, sobre o meu amor, sobre o meu pensar. Respondi-lhe com um par de de superficialidades que lhe saciariam a curiosidade ou lhe abateriam a culpa - qualquer que fosse a razão daquela quase demonstração de carinho. Não nos olhamos nos olhos. Seu foco estava na tangerina que ele abria vagarosamente. Meu foco estava num postal que acabara de chegar desde um frio país europeu. Já não somos mais companheiros, parceiros, cúmplices. Nos assemelhamos mais à poeira que sobe na estrada de terra depois da travessia de um automóvel... uma incômoda lembrança do que passou.

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