sábado, 27 de agosto de 2011

ipê

"O ipê dá flor na seca"
Foi meu primeiro pensamento da manhã.
Pensei nessas árvores tão brasilienses. Mais que isso até... tão candangas.

Já mais tarde, num zebrinha, enquanto esperávamos que o sinal da 15 norte se abrisse para os veículos, me peguei encarando uma dessas árvores magrelas da W3. Lá estava ela, nua e retorcida. Do seu galho mais alto, uma única flor amarela orgulhosamente triunfava sobre a soberana aridez do cerrado em mês de agosto.

Lhe olhei tempo suficiente para começar a ver meu reflexo no vidro e me dei conta de olhava a mim mesma o tempo todo. O pensamento agora era:

"Sou uma árvore do cerrado"
Pensei na minha beleza nada óbvia, constantemente classificada como exótica. Pensei em todos os retorcimentos da minha personalidade, nos vícios e nas (talvez nem tão) ligeiras falhas de caráter. Pensei no mau humor.

"Sou um ipê do cerrado, que dá flores quando quer. Que dá flores quando tudo em volta é poeira, é secura, é sangue saindo do nariz. Que mostra suas belas cores só quando convém contrastar com o tédio, com a rotina. Sou um ipê do cerrado. Talvez seja hora de florescer. De colorir minha vida."

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