quinta-feira, 18 de agosto de 2011

pensamentos de parapeito.

Às vezes me pergunto como seria sentar no parapeito da janela de um prédio bem alto, desses que não se pode construir em Brasília. Penso como seria a sensação do vento batendo com doce violência nas minhas bochechas, desgrenhando meu cabelo; eu riria da peraltice desse vento criança. Imagino como seria ter os pés suspensos sobre as cabeças e os pensamentos de todo ser pensante. Estar no topo do mundo e ter certeza de que nem o mais estrondoso dos meus gritos seria ouvido.
Aí a próxima imagem que me vem à mente é do meu corpo deslizando para baixo, rápido e devagar - paradoxo óbvio já que a gravidade me faria cair depressa mas a iminência da morte tornaria tempo uma medida inútil. Meu vestido de flores deixaria que o mundo visse o que todos tentam esconder. Os espectadores recatados de minha queda pensariam "que garota mais sem vergonha!", esquecendo-se até que o impacto daquele tombo importa muito mais do que suas ideiazinhas pudicas.
Por fim, vejo meu corpo no chão. Sem sangue, só flores. Vejo uns curiosos formarem um círculo à minha volta, todos surpresos pela falta de sangue, excesso de flores. Vejo de camarote a um mundo ao qual já não pertenço mais. A nostalgia apagaria todo o horror do que eu havia deixado para trás por vontade própria. Me depararia finalmente com o mundo perfeito. Sem guerras mundiais, nucleares, civis. Uma abundancia inimaginável de flora para todos os lados. Assim seria: sem sangue, só flores.

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