sábado, 13 de agosto de 2011

Em seu prato, um bolo de chocolate com morango com o qual ela se deliciava fechando levemente seus olhos de sansei. No meu, o tranche de morango que foi minha comida preferida por mais tempo do que posso lembrar, mas me anda desapontando ultimamente.
Eu lhe implorava que me desse uma direção, uma luz que fosse para o que eu simplesmente não sei. Ela abstraía de minhas perguntas tortuosas, absorta no sabor que desejava desde o momento em que pôs seus pezinhos no meu quarto.
Lhe dizia minhas aflições em listas: "tenho medo!", "quero ele!", "preciso ir embora!". Ela me escutava com um projeto de sorriso no rosto, e tenho absoluta certeza de que não ouvia uma só palavra do que eu dizia, maldito bolo de chocolate!
Até que explodi em falar de amor. Me conhecendo há quase uma década, ela bem sabe de minha atração magnética por drama. Meu encanto por amores platônicos. Minha mania de terminar relacionamentos unilaterais.
Pois lhe disse que estava cansada disso, de tanto alvoroço o tempo todo. Que o que quero agora é um espelho d'água como o que vi naquela reportagem sobre a Patagônia mais cedo. Que já não quero mais saber de mares em dia de ressaca...
Ela me olhou e disse "Não quer não. Te aborreceria em pouco tempo. Você é sagitariana". E continuou comendo seu bolo, ainda na metade.
Pensei no quanto necessitava de sua presença em minha vida... porque vez ou outra um sonhador crônico precisa de alguém para lhe tirar do universo da ilusão.

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