sexta-feira, 16 de setembro de 2011

súbito e platônico.

Me imaginei batendo em sua porta na tarde de um dia qualquer da semana. O sol teria saído, tímido como é em céu portenho. Ainda assim, ele teria decidido testemunhar minha odisseia amorosa nas ruas de Buenos Aires.
Lhe tocaria a campainha e esperaria impaciente, quase arrancando minhas cutículas com as unhas. Levaria um pouco de tempo até que ele chegasse e abrisse sem nem perguntar quem era, crente que é na bondade do mundo. Sorriria para mim, dizendo "Buenas tardes" com seu belíssimo sotaque argentino.
Eu usaria cinco segundos para calar e apenas vê-lo. Descobrir os caminhos que as rugas formam em volta de seus olhos, os redemoinhos em seu cabelo, as imperfeições em sua pele. Só então seria capaz de dizer o que me havia levado até ali:

"Nunca, nunca he conocido a alguien que ve la vida de manera tan increíblemente bella como vos. Me haces querer levantar y ser feliz todos los días. Sos el amor de mi vida."

Tomaria suas mãos nas minhas, olharia bem fundo em seus olhos... e iria embora.
Ele levaria um par de minutos antes de voltar para o ninho, pensando se valeria a pena aborrecer sua esposa contando-lhe de mais uma fã com problemas em discernir ficção e realidade. Decidiu que não valia. Fechou a porta, pensando na beleza do sol que havia decidido aparecer aquela tarde.

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