sábado, 3 de setembro de 2011

convertendo suor em água benta.

Sentia uma singular incapacidade de respirar. Era como se cada partícula de O2 que adentrasse meus pulmões imediatamente se dissolvesse, se transfigurasse em qualquer coisa parecida com... vazio. Com nada. Minhas entranhas transformaram-se em um enorme buraco negro que sugava para dentro de si todas as recordações e as esperanças e os desejos, levando-os para algum lugar ao qual nenhum cientista conseguiu chegar. Queria gritar e gritar, mas também meus berros estavam sendo abafados pela sobrecarga de sentimentos que me acometiam naquele momento. Nem minhas cordas vocais se safaram dos golpes que me feriam o corpo inteiro. E quando finalmente saí daquele estado de entorpecimento, fui capaz de perceber outra vez o mundo à minha volta. Suas cores escuras de fim de festa. O cheiro onipresente de cigarro. A sensação de que todo o chão era um grande caramelo, segurando os saltos de sapato a cada passo, resultado de toda uma noite de acidentes envolvendo o deslocamento de bebidas desde os copos em mãos dançantes no ar até o piso. Foi então que recorri ao altar de todos aqueles com um coração partido; a pista de dança. Rezei durante todo o resto da noite para que o santíssimo DJ perdoasse minha luxúria em seu sentido mais puro: o de deixar que as paixões me dominem.

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