sábado, 8 de setembro de 2012

oh céus

Um dos amores de minha vida me cuidou durante meu processo de cura de uma grande paixão. Foi meu melhor amigo durante algum tempo, meu namorado durante algum outro. Quando começamos a compartilhar cama, antes mesmo de isso ter qualquer conotação sexual, ele enxugava minhas lágrimas todos os dias nos quais acordava mal e dizia assim, baixinho:  "tienes que dejar de llorar por las mañanas...".
Hoje passamos uns minutinhos ao telefone e foi a primeira vez em quase dois anos que ouvimos a voz um do outro. Foi tão surreal que quase não soubemos o que dizer. Nos separam milhas e milhares de vivências. Nos une este passado e o fato de sermos os dois uns desassossegados.
Pensei em dizer-lhe que se ele dormisse comigo nos últimos tempos, com certeza me diria que eu deveria parar de chorar nas noites. Este hábito chegou junto com a agonia de sentir-me presa ao passado, à mesmice, à capital.
Minha felicidade se extingue cada dia mais, e com ela vai embora até minha vontade de escrever.
Sou um nada aqui. Quero ir embora mais do que qualquer coisa.

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