terça-feira, 23 de abril de 2013

o fim de uma era

Acho terrivelmente doloroso finalizar um escrito. Na verdade, me parece muito difícil saber a hora em que um ponto é, de fato, final. Por essa razão tenho tantos pedaços de alguma coisa jogados pelo quarto, cadernos cheios de possíveis não sei o que, rascunhos esquecidos do que era mesmo que eu estava falando? Assim mesmo, bem caótico, bem ininteligível. Uma bagunça como a que sou.
Durante os últimos meses o assunto principal foi este tal amor, em suas diferentes formas e configurações. Essa pesquisa, que já tem duração de quase dois anos, me pareceu fastidiosa de tempos em tempos. Sentia-me presa a um só estilo de escrita, a um só assunto. Julgava-me deveras incompleta como artista.
Foi algo dito por Marina Colassanti que me acalmou os nervos. Eu a acompanhava até o aeroporto depois de sua participação na Bienal Brasil do Livro e da Leitura. Conversamos longamente durante este dia sobre a construção do eu-escritor, sobre as possibilidades no universo da literatura. Até que, já em frente ao setor de embarque, ela me aconselhou: "Termine o que está fazendo antes de começar outra coisa. Escrever não é só inspiração, garota, é disciplina". Já sem culpa por gastar tantas linhas divagando sobre amor, segui explorando tal tópico; na literatura e na vida.
Só que ainda me agoniava como seria o fim de tal busca. Afinal, não é em uma novela que estou trabalhando no momento presente; é um apanhado de contos e um par de crônicas. Como saber que é suficiente? Pensei no que disse Paul Valéry, "os poetas não terminam os poemas, eles os abandonam", e na próxima vez que me enfadasse, passaria umas duas madrugadas editando tudo, terminaria o tal projeto e pronto! Abandono absoluto. Como fazem Gabriel García Marquez e Johnny Depp*. Simplesmente não passaria mais os olhos sobre meus trabalhos.
Até que me deparei com um final digno para essa jornada. Encontrei inspiração e disciplina para deixar este livro pronto para os editais que aparecerem pelo caminho. Espero finalizá-lo de fato em um, dois meses, se o ritmo for mantido. E será lindo ter este blog como registro das tentativas, das possibilidades, de tantas coisas que desbravei durante este tempo.
Este pode (ou não) ser um prólogo de um adeus.


*Só mesmo quem vos escreve consegue colocar em um mesmo parágrafo Valéry, García Marquez e Johnny Depp... tsc tsc...

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