quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

O amor da minha vida.

Passei a vista sobre os escritos reunidos neste blog. Foram trinta e quatro musas e musos que inspiraram os textos produzidos em um ano e meio de pesquisa acerca do amor. Nesse período, li de Platão a Roberto Freire, passando por Gertrude Stein, mas sem esquecer João Ubaldo Ribeiro. Também nesse tempo, fui protagonista de umas tantas histórias de amor e passei por alguns desencantos. E reencantos. É que esse tal de amor é fluido, sabe como é...
A expressão "amor do meu agora" costumava soar genial. Parecia-me condizente com a maneira como desejo viver meus amores: contem em si a efemeridade do agora e a eternidade do amor, absolutamente precisa!
Acontece, queridões e queridonas, que andei mudando minha percepção sobre essa afirmação. Começo a ter a sensação que a estes tais amores do agora lhes falta uma boa dose de honestidade. E não consigo conceber associação entre afetividade e falta de verdade.
Dei-me conta nestes últimos dias que o que almejo viver de fato são amores de vida inteira. Amores com quem cresci e posso seguir crescendo junto. Amores que já chegaram à minha vida um pouquinho mais tarde e por razões que desconheço sinto que sempre estiveram ao meu lado. Amores que desaparecem de vez em quando e voltam de maneira orgânica. Amores que me raptam de casa à uma da manhã para passar tempo sob um céu lindo, estrelado. Amores que me acompanham em belíssimas alvoradas. Amores que vivem longe e não me esquecem. Amores com quem haja aprendizado, confluência de vivências, aconchego.
As características supracitadas não foram idealizadas. Cada adjetivo, cada momento descrito é tão real quanto poderia ser*. Não peço ao universo nada mais do que algo não só possível como existente. Cotidiano. Os amores da minha vida estão aqui. Alguns ao meu lado no agora, outros esperando a deixa do universo para colocar-nos outra vez no caminho um do outro. Nem me preocupo. Nossos encontros acontecen na hora certa.
Esta reflexão teve como trilha sonora uma canção que conheci em outra vida, quando meu quarto era iluminado por velas e luzes de natal. O ar cheirava a incenso. Era um mundo a parte, onde descobri um par de significados distintos para o sentir demasiado que tenho dentro da caixa torácica. Foi numa noite de lua cheia que tal canção tocou. Lembro disso porque imediatamente coloquei-a no iPod e me pus a caminhar sob o belo manto desalumiado da noite centro-americana. Sozinha. Olhei para cima e desejei que aquela mesma lua estivesse iluminando os caminhos de todas as pessoas que cabiam dentro de mim. De minhas memórias mais queridas e por mais ridículo que possa soar, de meu coração.
Que possamos entender o que nos desassossega. Que colhamos o que plantamos. Que encontremos dentro de nós toda a força necessária para desfrutar cada um dos passos de nossas jornadas.
Happy Valentine's, amores de minha vida, do meu passado, do meu presente, do meu futuro.

* "Tão real quanto poderia ser" foi uma tradução direta de "as real as it can be" e talvez faça um pouco mais de sentido em inglês. Não consegui achar, no entanto, uma frase que remetesse a este exato sentir. Deixo, então, esse pequeno deslize imortalizado.

** De acordo com Roberto Freire em Ame e Dê Vexame!, quando os franceses querem enfatizar o sentimento de amor por alguém utilizam-se da frase je t'aime d'amour - eu te amo de amor.

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