Um dos amores de minha vida me cuidou durante meu processo de cura de uma grande paixão. Foi meu melhor amigo durante algum tempo, meu namorado durante algum outro. Quando começamos a compartilhar cama, antes mesmo de isso ter qualquer conotação sexual, ele enxugava minhas lágrimas todos os dias nos quais acordava mal e dizia assim, baixinho: "tienes que dejar de llorar por las mañanas...".
Hoje passamos uns minutinhos ao telefone e foi a primeira vez em quase dois anos que ouvimos a voz um do outro. Foi tão surreal que quase não soubemos o que dizer. Nos separam milhas e milhares de vivências. Nos une este passado e o fato de sermos os dois uns desassossegados.
Pensei em dizer-lhe que se ele dormisse comigo nos últimos tempos, com certeza me diria que eu deveria parar de chorar nas noites. Este hábito chegou junto com a agonia de sentir-me presa ao passado, à mesmice, à capital.
Minha felicidade se extingue cada dia mais, e com ela vai embora até minha vontade de escrever.
Sou um nada aqui. Quero ir embora mais do que qualquer coisa.
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