Se esse abraço tivesse durado um pouco menos, talvez não houvesse tamanha falta de equilíbrio em mim passadas tantas horas. Posso afirmar que os primeiros segundos - aqueles que são de praxe, pedidos pelas normas de etiqueta - foram nada mais do que corriqueiro encontro de superfícies. O problema é que estes nossos corpos não perdem tempo em encontrar alguma maneira de encaixar-se um no outro de maneira a colar também nossos corações e almas, e foi ali que ficamos por tanto tempo quanto seja o que passou. Não conseguiria me atentar ao caminhar de ponteiros do relógio; sem que me desse conta, minha medida de tempo passou a ser a cadência de sua pulsação. Senti meu peito abrir-se de maneira orgânica, totalmente natural. Senti um querer-lhe bem tão grande. Senti vontade de fazer-lhe umas muitas perguntas. Só que o universo sabe dos seus. Fez do povo um vendaval e nos tirou do transe causado pelo reencontro. Agora éramos só restos de divindade, com uma inegável pitada de ressentimento por tudo que passou e receio do que poderia significar aquele inesperado suor nas mãos.
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