sábado, 18 de maio de 2013

wet (lucid) dreams #1

I thought of you picking me up and just driving, heading a place where the city lights wouldn't be able to obscure the glow of the stars. I rolled a joint that you considered complaining about and put on music you didn't like. But this all slipped off your mind as I used my fingers to gently separate your lips and blew a thick white smoke between them. I stared into your eyes too deeply, almost reading your mind. You noticed the incursion and looked away while grabbing the rolled cigarette from my hand.
We were half way through it and I was kissing every inch of your face, where you were hardly ever kissed; your nostrils, eyebrows, chin. You had your eyes closed and only opened them to watch me take a hit
- So many kisses, do I deserve all of them?
If I was to answer honestly I'd tell you no. I was perfectly aware that the amount of loving I gave you was much more than you could ever reciprocate, way more than your Aquarius would allow you to earn. So I simply gave you a kiss that should be read as
"it doesn't really matter if you deserve it or not;
all of them belong to you.
all of me too."
We laughed until our bellies started to ache and had no idea how that burst begun. I only recall it was related to our newly acquired matching burns on our thumbs and indexes. It took me a while to compose myself again. When I did so, my hands were unwittingly under your clothes. They found their way through your sweater and shirt to find the warmth of your skin.
You opened my blouse, carefully undoing the golden buttons one by one. I slowly slid to the back seat, trying to keep my eyes right on yours throughout the process. Leaving the skirt on, I took off my lacy purple undies for your viewing pleasure. Before I could catch a breath I was already feeling the weight of your body over mine. If I leaned back I could watch the silver smile of a crescent moon. And under a perfectly aligned solar system, you became Uranus just for me. 

segunda-feira, 13 de maio de 2013

privação de sono

O céu tem uma cor arroxeada que não vejo com muita frequência; amanhece. Ser notívago que sou, geralmente não acordo tão cedo para presenciar essa coloração do firmamento. No entanto, não consegui fechar meus olhos um segundo sequer esta noite. Trinta mil pensamentos me invadiam a cabeça a cada pequena tentativa, acompanhados desse rascunho de taquicardia que me é tão familiar. É um desassossego sem jeito esse, viu?



Não sei de onde veio. É sempre difícil saber de onde vem.



Só sei que minhas têmporas doem e meu corpo pede arrego. Já não tenho mais força alguma para dar voltas dentro de minha cabeça... e o céu já azul bem claro promete que um sol tremendo vai impedir meu sono REM.

São estes os momentos mais perigosos. Nestas horas, todos os sentimentos afloram de maneira - - - fiquei em dúvida se usar intensa (me parece óbvio) ou insana. É, fico com insana. O que sinto se manifesta de um jeito nada saudável. A gravidade exerce seu peso sem clemência alguma e não há chão que comporte meu peso. Sigo em queda-livre terra adentro.


Desejo que o desfecho desta queda seja, como sempre, um abrupto despertar para uma realidade outra. Neste caso, excepcionalmente, que essa existência seja um universo onírico de textura aveludada e cheiro de frutas cítricas.

domingo, 12 de maio de 2013

At the very beginning he asked me
- are you sure you aren't sinking into this deep enough to get hurt?
I told him not to worry and indeed he shouldn't, 'cause my heart is mine to lend or even give whoever I want to and right now I choose to leave it in his warm hands with a big blue lace on top and a little note that says

'forget me not'.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

não pode doer

(...)

Eu o segurava perto, bem perto de mim para sentir seu corpo inteiro. Na minha cabeça tocava Ne Me Quitte Pas porque a vontade que eu sentia era mesmo essa, de que ele nunca me deixasse, nunca saísse de mim. Nessa hora fazia barulho lá fora: o tráfego dos automóveis, a prosa dos pedestres, "descobri que te amo demais..." em volume elevado saindo de um alto-falante, britadeira trabalhando na reforma de alguma calçada e uma ambulância ligeira encontrando seu caminho por entre os carros. A cidade era só caos lá fora e ainda assim essa desordem não conseguia invadir a atmosfera de paz que criamos naquele quarto. Lá dentro não cabia nada além de nós e o que deixamos fazer parte de nossos pensamentos durante aqueles dias; nossa vida pregressa e nossos sonhos futuros, ideais compartilhados e também os dissonantes, memórias. Ali, a infinidade de nossos seres coexistia pacificamente, acomodados de maneira harmoniosa entre armários, janelas e paredes.

terça-feira, 7 de maio de 2013

catarse o casi

Lo leía por entre las líneas de sus manos y las arrugas de su rostro. De tanto hacerlo, aprendí a este hombre como si fuera mi lengua materna. Y no fue necesario mucho tiempo hasta que los pensamientos míos empezaran a ser casi todos en ese idioma-él surrealista, dialecto-criatura sinestésico, lenguaje-ente sinfónico. De ahí para que mis acciones se hicieran suyas fue un saltito, no más, y ya ni siquiera sabía que era yo y que era él, y no podría decir que lo que existía allí era un nosotros porque, en realidad, yo no fui casi nada mientras lo tuve en mi vida.

(...)

quinta-feira, 2 de maio de 2013

planalto das estrelas nascentes.

Levantei da rede que vai de um lado a outro do quarto e caminhei até a sala, onde o celular sinalizava alguma atividade. Sorri durante esta pequena travessia pensando que a falta de paredes faz com que qualquer classificação em cômodos do espaço físico do Ninho seja realmente jocosa. E sorri um pouco mais quando vi que o que causara inquietação ao meu telefone fora uma mensagem de quem se dispôs a construir junto comigo este ambiente. Neste momento percebi que o sol se punha e já passava da hora de sair de dentro de mim.
Este desastroso senso de direção me fez tomar o ônibus errado, acontecimento que não me choca, mesmo tendo vivido duas décadas nesta cidade e supostamente conhecendo os itinerários dos coletivos que passam pelo centro. De qualquer forma, fui parar na Torre de TV, onde uma orquestra me lembrou de tempos outros nos quais era eu em um palco, esperando pela sinalização da próxima pausa e cuidando para não desafinar no solo de flautas. Sentei-me à beira da fonte que  testemunhou muitas discussões acerca de inquietações e amor com a musa de grande parte de meus escritos ao longo do último decênio. Pensei na quantidade de matéria-prima literária havia sido extraída de momentos compartilhados ali.
Depois de algum tempo, senti um chamado por parte de uma canção muito estimada. Aproximei-me do palco, para então deparar-me com a presença de uma antiga companheira de jornada. E logo que nos despedimos e rumei para destino outro, reparei que passava por uma estrada onde oito anos antes, numa tarde de clandestina peregrinação, assistimos ao fracasso de um pivete na tentativa de surrupiar os pertences de uma senhora que não hesitou em ridicularizá-lo: "Se toca, muleque, 'cê ACHA que com este tamainzin consegue levar minha bolsa?"
Ao cruzar a pista topei-me com o jardim que seis anos atrás fora pisoteado por duas garotas que recém haviam descoberto que a vida poderia ser exatamente como desejavam. Tal realização causou em ambas um desejo louco de correr noite adentro, mundo afora.
Um afluxo de nostalgia me tomou o corpo inteiro. São tantos os anos de perder-me por estas ruas que as histórias começam a se atravessar. Mais do que recordações claras das situações, guardo a lembrança das sensações. Olhei para cima e lá estavam todas as estrelas que passam a maior parte do ano ornando o firmamento sobre este cerrado seco. Neste instante começou a tocar In the Valley of Dying Stars e eu pensei em Brasília como um planalto onde nascem grandes, enormes massas de energia; seres humanos com luz própria, de magnitude inefável.
Por mando do destino e para sua sorte, pouco a pouco elas tomam seus caminhos. Descobriram-se meteoros e escolheram cair para lados outros. Enquanto a humanidade se preocupa com o aquecimento global, comecei a sentir sintomas de resfriamento da Terra, resultado do afastamento das fontes naturais de calor existente em seus abraços. No entanto, ao olhar para este céu sem nuvens, tive absoluta certeza de que continuarão a alumiar os passos que dou, errante caminhante que sou. E sempre que procurarem direitinho, me encontrarão em algum canto; algumas vezes com fulgor mais intenso, noutras, descansando desse viver tão desesperado.