quarta-feira, 6 de março de 2013

número três

Eu ainda estava bronzeada, tinha os cabelos mais claros, queimados de sol, e um pouquinho mais de curvas, resultado do tempo que vivi noutra parte. Minha busca por equilíbrio estava em seu auge; meditava, fazia yoga, práticas corporais alternativas eram parte da minha rotina. Voltara havia pouco de um paraíso com praias de beleza estonteante. Estava bem. Muito bem.
Ele apareceu meio do nada, levou até uns dias para que reparasse em sua presença. Depois só o que fez foi causar rebuliço. O vendaval foi tanto que em um momento de loucura e ebriedade vínica, peguei um ônibus depois da meia noite para tê-lo em meus braços. Fiz algumas outras loucuras após a supracitada e até hoje não foram retribuídas. Foi tudo muito fatal. Perdi-me completamente nessa paixão.
No fim de uma tarde que passamos quase toda horizontalmente, o céu multicolorido brasiliense como cenário, ele me abraçou mais forte na despedida. Mimoseou-me com mais um beijo e disse:
- Só há você agora em minha vida.
Poderia pensar em algumas dezenas de finais românticos, poéticos para esta cena. Os olhares fundos nos olhos, contatos de mãos sutis mas cheios de significado, um longo tocar de lábios para arrematar. A realidade, no entanto, não imprimiu tanta beleza ao momento. Lhe respondi:
- Com quem tu sai, meu amor, não é de minha conta. E vice-versa.
Um par de encontros depois, ele pediu arrego:
- Você é um problema para mim.

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